quinta-feira, 22 de novembro de 2007

É amanhã!

Amanhã é o dia da pré-estréia do nosso curta!
Depois de mostrar todas as etapas de produção aqui no blog, nosso filme está no ponto e prontinho para estrear!


Mais informações sobre a pré-estréia no vídeo abaixo:

Aumente o som!


domingo, 18 de novembro de 2007

Entrevista com Tiomkim

Confira a entrevista com Osval Dias de Siqueira Filho, o Tiomkim, feita pelo nosso produtor Franki Kucher

1. Como começou o interesse por cinema?
Desde criança, sempre incentivado pelo meu pai, que foi músico e maestro de big band.

2. Quais suas influências – cinematográficas e literárias?
Sempre fui influenciado pelo cinema de vanguarda americano – anos 50 e 60, em especial o cineasta Kenneth Anger. Também gosto muito do cineasta alemão, radico nos EUA, Douglas Sirk, que também influenciou cineastas como: Fassbinder e Pedro Almodóvar.

3. Sua formação – instrução, amigos, inspiração...
Sou muito intuitivo, quando vou filmar e principalmente um experimentalista. Fiz vários cursos na Cinemateca com Valêncio Xavier, Fernando Severo e na área de fotografia com os mestres Geraldo Magella e Roberto Pitella

4. Quais os temas que mais trabalha, nos filmes?
Uso boas doses de erotismo, bom humor e colagens cinematográficas, usando elementos do cinema dos anos 50.

5. O que foi mais marcante em sua história profissional?
Em 1989 ganhei o primeiro prêmio do Salão CURITIBA ARTE V. Um prêmio na categoria FOTOGRAFIA – que me rendeu uma passagem ida/volta para a EUROPA. Na ocasião tive a chance de fotografar em PRAGA, a queda do Comunismo.

6. Como definiria o seu estilo com diretor?
Um estilo totalmente EXPERIMENTAL, usando e abusando de ângulos, cenas e temáticas surreais.

7. Como tem sido o seu modo de realizar filmes?
Através de COOPERATIVA. Reunião de amigos, onde cada um entra com sua contribuição.

8. Como são divulgados seus filmes?
Através de festivais de cinema de várias partes do Brasil.

9. De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV educativa e a RPC, entre outros, têm ajudado na carreira?
Em muito, pois são instrumentos bastante importantes para que se abram espaços para produções paranaenses.

10. É possível sobreviver com essa profissão?
Sobreviver de cinema muito difícil. O CINEMA TEM QUE SER ALGO PARALELO.

11. Curitiba oferece bons cursos de cinema?
Existem poucos cursos – mas vamos louvar a iniciativa da CINEMATECA, do CINEVIDEO e CENTRO EUROPEU, que viabiliza cursos regulares na área de cinema.

12.É possível viver de cinema no Paraná? O que é necessário para que o profissional possa viver só de cinema?
É impossível viver só de cinema no PARANÁ ou até mesmo no Brasil. O valor de uma produção em longa metragem 35 mm é muito alto e ainda não existe uma política realmente boa de distribuição. Cinema ainda é um luxo. Mas o longo caminho deve ser percorrido, principalmente porque temos talentos locais que já estão alcançando espaços maiores. Veja os exemplos de MARCOS JORGE, grande vencedor do festival do RIO, Fernando Severo, Paulo Munhoz, Geraldo Pioli, e muitos outros.

Filmografia:
Alguns de seus trabalhos: 1991 – Cenas de um sonho selvagem.1992 – Tenderly (co-dir. Tiomkim). 1993 – Teia de Renda Negra (co-dir. Tiomkim); Mulheres em Fuga. 1994 – Conheça o Paraná; Ezequiel. 1995 – Guaraqueçaba, Ninho de Guarás. 1996 – Que fim levou o Vampiro de Curitiba? (com Mário Schoemberg, Simone Spoladore). 1997 – Retrato 3x4. 1998 – Rainha de papel. 1999 – Tadashi, o Poeta do Traço. 2001 – O Escapulário. 2002 – Belo, Feio e Maldito (co-dir. Tiomkim). 2002/2003 – Uma cidade chamada Parede; Punhal na Garganta; O Circo Mágico, Deusas da cidade amada. (fonte: cinevideo)

Prêmios:
No seu curriculum consta a realização do vídeo “Rainha de Papel”, e “Cenas de Um Sonho Selvagem”, que arrebatou prêmios nos Festivais de Vitória, Maranhão, Prêmio Itaú e Prêmio OCIC (Org. Católica Internacional). Seus trabalhos tem tido participação em festivais nacionais, com passagem por Havana/Cuba e Alemanha.



Não se esqueçam que sexta-feira, dia 23, tem a pré-estreia de Agora já era! no Tsé Tsé. Até lá!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Filme pronto!

É isso ai!! terminamos a edição do nosso filme!
Foram duas tardes com horário de edição e mais alguns horários fora deles!! hehe Foram muitos contratempos. No primeiro dia foi tudo como esperávamos e faltou pouca coisa para o segundo dia. Foi aí que começaram os problemas, a ilha não estava salvando as alterações no projeto..logo perdemos o que fizemos. Mas esta semana, o Luciano, magicamente conseguiu recuperar tudo e nos salvou!! Pudemos fazer os últimos ajustes e agora está tudo pronto! Agora, Já era! haha É só aguardar dia 23, a pré-estréia, lá no Tsé Tsé. Estão todos convidados!!

Fotos do primeiro dia, tranquilo, de edição:


Nosso assistente de produção conferindo o andamento das coisas!!


Nossa atriz e produtora sabe editar também!!!


Agora é só assisitr!!
No post abaixo tem todas as informações sobre a pré-estréia!!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Pré-estréia!



Agora é oficial!




PRÉ-ESTRÉIA DO CURTA "AGORA, JÁ ERA!"

LOCAL: TséTsé Lounge Bistrô
Rua Buenos Aires, 49
Batel - Curitiba
(Para acessar o site clique aqui)

DIA: 23 de novembro - Sexta-feira

HORÁRIO: A partir das 20h


terça-feira, 30 de outubro de 2007

Entrevista com Murilo Hauser

Entrevista realizada pela continuísta Bruna Robassa
Carreira
1.Como começou o interesse por cinema

Meu interesse por cinema deve ter começado antes mesmo de eu nascer. Meu bisavô era musico, ele tocava no cinema mudo. Acabou comprando o cinema em que ele trabalhava, então a minha família sempre teve isso com imagem – meu avô filmando em super 8 enquanto eu crescia, passando filmes em 16mm para a família nas festas.

2.Quais as suas influências – cinematográficas, literárias etc

Bom, quanto aos cineastas que são inspiração pra mim, tem vários. Costumo pensar que a minha educação visual foi toda feita através do Kubrick. Ele foi o primeiro cineasta a fazer a minha cabeça, a me mostrar que o cinema podia ser muito mais do que ele normalmente é. Com seu rigor conceitual (e formal), ele criou obras imensas, com o poder de mudar não apenas o cinema mas, acima de tudo, as cabeças das pessoas. Com Woody Allen eu percebi, pela primeira vez, o que era marcar a cena com os atores; a humanidade dos personagens e sua pulsação humana, viva. O Bergman me mostrou como ser pessoal, como se expor tendo a arte como filtro. Tem o Eisenstein, que é um gênio, não só na montagem, como muita gente pensa, mas nos enquadramentos e no cinema como ferramenta histórica. O timming perfeito da comédia de Billy Wilder, as imagens lindas e góticas do Tim Burton, a poesia do Pasolini, do Tarkovski e do Antonioni.

3.A sua formação – instrução, família, amigos, coisas que gosta de fazer, inspiração...

Lembro de ter ido ao cinema a primeira vez muito pequeno, e de ver muitos filmes em casa, com meus pais. Dividia meu tempo entre o cinema e a locadora.Então quando eu decidi que ia fazer cinema, fazer disso a minha profissão, a decisão foi bem aceita pelos meus pais e fui sempre estimulado por todos.Depois de muito tempo brincando com a filmadora VHS em casa, e de estudar e trabalhar com fotografia por algum tempo, comecei com o cinema em 1999, quando entrei na Artcine; conheci algumas pessoas que também queriam fazer filmes e começamos a filmar. De lá pra cá aconteceu muita coisa, mas tem alguns eventos que eu queria destacar: primeiro a oficina de assistente de câmera com o Hugo no festival de cinema de Curitiba, que foi um dos meus primeiros contatos com câmeras de cinema. Depois uma oficina de direção de atores que eu participei na mostra de cinema de são paulo ministrada pelo diretor argentino Fernado Solanas. Ainda teve o curso de cinema com a Tizuka Yamazaki, na Fap, a master class com o Francis Ford Coppola, oficina de fotografia com o John Ward (que trabalhou com o Kubrick, Tim Burton, Luc Besson), a especialização em cinema, mostras e festivais, que também são parte da formação de um cineasta.

4.Quais os temas que mais trabalha nos filmes?

Acho difícil falar de temas nos filmes que produzi. Acho que cada filme é um filme, cada momento da nossa vida em que entramos em um processo de criação somos outros, as questões são diferentes e a maneira como estamos entendendo e nos relacionando com as nossas vidas são novas. Porém hoje, revendo os meus filmes, percebo meus interesses por coisas como isolamento, solidão, a comunicação e conexão entre as pessoas e entre as pessoas e o universo em volta delas; também a percepção sensorial do mundo, o espaço e o tempo, a memória, o tomar de decisões e os caminhos para os quais elas nos levam.

5.Filmografia (título, bitola, duração e ano de estréia de todos os filmes)

6.Carreira dos filmes – prêmios, críticas


Filmografia

- "Vende-se", 1999. BetaCam, 1min30seg. Roteiro e Direção. (Integra o acervo da escuela internacional de Cine e Television de Cuba. Festival imagem em 5 minutos, na Bahia)
- “Alice”, 1999. BetaCam, 2min. Roteiro, Direção e Câmera. (Festival imagem em 5 minutos, na Bahia)
- “cinira e a mochila”, 2000. BetaCam. Assistente de Direção e Composição de Trilha Sonora (melhor vídeo de ficção – Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba)
- "minha mãe, minha filha, minha mãe.", 2000. BetaCam, 1min. Direção. (VII festival internacional de cine de Valdivia, Chile. 24 Tokio Vídeo Festival, Japão. 29 Festival de cine Huesca, Espanã. Prêmio ABC de cinematografia, 2001 São Paulo. Mostra do Filme Livre, CCBB Rio de Janeiro. Exibido no programa Zoom da TV Cultura.)
- "Insomnia", 2000. BetaCam, 1min. Roteiro e Direção.
- “Montanhas não são Elefantes”, 2001. BetaCam, 10min. Roteiro, Produção e Direção (Exibido na TV Cultura).
- “entre cão e lobo”, 2002. 35mm, 1min. Roteiro, Produção e Direção. (3° lugar no 1° Festival do Minuto de Curitiba, 2002, selecionado para o Lucky Strike Lab, 2002)
- “COCOON”, 2003. 35mm, 1min30seg. Direção, Produção e Montagem. (exibido na Quadrienal de Cenografia de Praga, República Checa, 2003 e na “Semana da Arte Paraná - Brasil em Córdoba” , Argentina)
- “Pandora”, 2004. 8mm. 3min. Direção. (Mostra do Filme Livre, CCBB Rio de Janeiro).
- “já estamos todos mortos”, 2004. Digital e 8mm. Direção, Roteiro, Produção e Montagem. (exibido no Curzon Cinema, Londres. Mostra Londrina de Cinema)
- "OUTUBRO", 2007 35mm. 15 min. Direção e Roteiro. (contemplado pelo edital municipal da Fundação Cultural de Curitiba)
– “entre silêncio e sombras”, 2007. 35mm. 6 min. Roteiro, Direção e Produção. Produzido pela Amazing Graphics Brasil, em Curitiba. (contemplado pelo edital de curta-metragem do gênero animação do Ministério da Cultura).

7.O que foi mais marcante em sua história profissional (pedir pra contar a história...)

Desde a época em que comecei a trabalhar com cinema, em 1999, me aproximei muito das artes cênicas também, criando vídeo projeções e trabalhando como diretor assistente em produções de teatro (A Vida é Cheia de Som e Fúria, Avenida Dropsie, Thom Pain Lady Grey) e óperas (O Castelo do Barba Azul, O Empresário, A Flauta Mágica). Essa experiência está sendo fundamental na minha formação, pelo trabalho com texto, com adaptações, com atores e com a agilidade de produção e resolução de problemas (tanto de produção quanto criativos) em tempo real.

8.Como definiria o seu estilo como diretor?

Não acho que eu já tenha um estilo definido como diretor. Sei do que gosto – planos longos e bem compostos, movimentos de câmera que se justificam emocionalmente, silêncios e muitos espaços abertos para interpretação – mas isso tudo pode se manifestar de diferentes formas, de acordo com o filme. Por exemplo, o último filme que lancei, “Outubro”, tem um tempo muito especial, muito estendido, diluído – as coisas acontecem e reverberam, como um eco em uma caverna. A edição deixa todo o espaço do mundo entre os planos, oferecendo muitas leituras diferentes. Já no trabalho que estou fazendo agora, a animação “entre silêncio e sombras”, o tempo é outro, com planos muito curtos e entrecortados, ritmados, como e um Allegro, uma partitura de semicolcheias. Mas a preocupação com o tempo, a intenção e a sensação despertada pelo plano continua lá. Então acho que teria que dizer que a minha característica como diretor é a preocupação da linguagem com o conceito da obra, uma certa rigidez artística que é fundamental para que eu possa entender e me relacionar com o processo de criação.

9.Como tem sido o seu modo de realizar filmes - produção, verba, recursos humanos (pedir para descrever como acontece o processo, desde a criação)

Estou trabalhando em produções com dinheiro público para os meus filmes há muito pouco tempo. Até 2004 produzi independentemente, sem verba pública alguma, negociando apoios e trabalhando com os amigos e parceiros de criação. Mas desde então já produzi trabalhos com apoio da prefeitura, da fundação cultural, do ministério da cultura e da lei rouanet. Atualmente estou fazendo um curta que ganhou um edital do Minc e em janeiro começo o próximo que será patrocinado pela Petrobrás.
Quanto ao processo de criação, normalmente começa com uma idéia, ou apenas uma sensação minha, que eu desenvolvo por algum tempo, até se tornar alguma coisa mais palpável – o que pode ser um roteiro propriamente dito, um projeto ou apenas um caminho. Depois da parte prática de montar o projeto e encaminhar para alguma lei ou edital, vem a fase em que convido algumas pessoas para me ajudar a desenvolver a idéia criar esse trabalho. Meus parceiros mais freqüentes são Denis Pedroso, Hugo Timm e Henrique Martins. Fazemos reuniões de criação e então a produção propriamente dita começa (ensaios, testes de elenco, produção de figurinos, contratação do resto da equipe). Mas o processo começa e termina sozinho, porque depois da produção vem a finalização de um filme, que leva ainda mais tempo e que, normalmente, eu acompanho sozinho. É um trabalho maravilhoso, um processo rico tanto profissional quanto pessoalmente.

10.Como são divulgados os seus filmes?
Não respondeu

11.De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV Educativa e a RPC, entre outros, têm ajudado a sua carreira?
Não respondeu

12.Sobre a questão técnica - poucas pessoas conseguem sobreviver de cinema no Paraná, portanto toda a equipe técnica acaba "fugindo" para a publicidade para sobreviver da sua profissão. Como é lidar com isso? Com quais os técnicos tem trabalhado mais frequentemente e o que significa.

Divido meu tempo trabalhando com o Cinema e Teatro. Não trabalho com publicidade há muitos anos, o que me deixa feliz. Hoje me sustento com minha profissão, como artista. Acho que é resultado de muito trabalho, dedicação total e incansável. Nos meus filmes conto com profissionais de todas as áreas: do cinema, da publicidade, designers, músicos, gente do teatro. O que importa é o comprometimento com a obra e com a vontade de fazer, de se entregar a um processo intenso e rigoroso. Meus parceiros mais freqüentes são Denis Pedroso, Hugo Timm e Henrique Martins.

13.E a formação de mão de obra – tem opinião formada sobre os cursos de cinema locais?
Não respondeu

14.É possível viver de cinema no Paraná? É só a questão financeira? Quais são as outras dificuldades? O que é necessário para que o profissional possa viver só de cinema?

Fazer cinema no Paraná é como fazer cinema em qualquer outro lugar – uma luta interna. O ambiente de produção e as condições de trabalho podem mudar, mas o que importa são as cabeças das pessoas, as idéias e as referencias. Precisamos falar mais de nós mesmos, “a importância do provincianismo na história da arte”.

15.Aponte o nome mais significativo para a história do cinema no Paraná (pessoa, instituição etc).

De Curitiba eu gosto muito do Fernando Severo, que foi meu primeiro professor de cinema. O Marcos Jorge também é um cara interessante, crescendo no cinema. Werner Schumann, com quem trabalhei e que é um dos meus padrinhos no cinema.
Hoje em dia os dois cineastas produzindo que eu mais admiro são o David Lynch, que me faz perder o sono, porque eu não consigo conceber que um filme como “estrada perdida” possa ser tão sensorial, tão interno; e a Lucrecia Martel, que faz filmes também muito pessoais, não lineares e sensoriais. E não tem como não citar o Godard, que é de uma geração que estudou muito antes de começar a produzir, e que revolucionou o cinema que a gente conhece hoje. Um artista que está sempre experimentando, pensando e produzindo, teorizando. Do cinema nacional, tem alguns caras incríveis: o Ruy Guerra, principalmente no filme “os cafajestes”, que é um dos meus preferidos. O Glauber, claro – “terra em transe” é cada vez melhor. O Júlio Bressane também é muito bom, sempre revolucionário. Walter Salles e Fernando Meirelles, Cláudio Assis e Karim Ainouz.
Acho que até hoje em dia, trabalhando com cinema há quase dez anos, eu aprendi só uma coisa, com Beckett (do teatro...):
“Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better.”
(Sempre tentei. Sempre falhei. Não importa. Tentar de novo. Falhar de novo. Falhar melhor.)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Vinheta

Hoje tivemos nosso primeiro dia de edição (mais info em prox post) e também o primeiro contato com nossa vinheta finalmente pronta, deu trabalho, mas ficou linda, ainda falta a musica, mas isso vcs só verao no filme pronto.
Agradecimento ao Rafa, mas conhecido por Bic, ex-editor da BR que mesmo saindo de lá terminou a vinheta em casa. Valeu Rafa.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Entrevista com Luís Celso Junior

Entrevista com Luís Celso Junior, jornalista e administrador do blog http://bardocelso.blogspot.com, feita pela nossa roterista e fotógrafa, Mariana

1. Dentre as artes produzidas em Curitiba, qual a relevância e qual a posição que o cinema ocupa em relação às outras. Especialmente na Internet.

Bem, não há números ou um ranking que possa dar uma resposta dessa em termos objetivos. Seria necessário fazer uma pesquisa nesse sentido. Pela minha observação, acredito que o espaço jornalístico, seja ele nos jornais, internet, rádio ou tv, é mais ou menos proporcional ao número de notícias factuais que a "arte" proporciona. Ou seja, quanto mais produção, mais estréias, mais notícias.
Pensando desta forma, acho que em Curitiba temos em primeiro lugar --falando do que é produzido localmente, claro-- as artes cênicas (considerando o grupo de dança, circo e teatro, principalmente), seguido da música, artes visuais e depois audiovisuais, categoria na qual o cinema está.

O cinema, por ser caro de produzir, é feito em menor escala localmente. Já o teatro sai mais barato.


2. O público conhece tanto o cinema quanto a pintura, a fotografia e a música?


Acho que até mais. Também não posso afirmar com convicção, pois não há pesquisa nesse sentido. Mas creio que o público conheça mais de cinema em geral do que das outras "artes", principalmente dos filmes americanos de entretenimento.
3. O que seu site cobre, porque não existem muitos sites sobre a produção local?

Bem, sou repórter da área de Cultura e Educação na Gazeta do Povo Online e possuo um blog chamado Bar do Celso - cultura, diversão e boemia. Na Gazeta se cobre de tudo, com especial atenção para tudo que é local, quando existe essa produção local. Especialmente na internet, há um grande foco no serviço: dizer o que está acontecendo, onde, quando e do que se trata.

No meu blog, há uma produção mais descolada e informal. Procuro compor textos mais analíticos e opinativos sobre minhas vivências culturais. São resenhas do filme que vi, do livro que li, do cd que ouvi, dos bares e locais onde estive, além de dicas sobre o que acho interessante ver, ler, ouvir, etc. Tudo com um tom de quem bate um papo numa mesa de bar.

Acho que não há tantos veículos especificamente sobre a produção local por uma série de motivos, não sendo possível reduzir a apenas um ou dizer qual é o principal. Talvez porque os veículos grandes cumpram um pouco desse papel, de uma forma superficial sim, mas o suficiente para saber o que está acontecendo. Ou porque, no caso do cinema, a produção é pequena por questões orçamentárias, o que inviabiliza a sobrevivência de veículos de caráter noticioso que trate somente disso. Etc, etc, etc...

4. Qual é o papel da crítica sobre a produção paranaense? qual espaço ela tem e porque ela aparece pouco?

O papel da crítica na produção paranaense é o mesmo que em qualquer outra produção, lançar um olhar crítico (não necessariamente crica!) e aprofundado sobre os produtos culturais.

Porque aparece muito pouco? Por uma série de fatores:

Acontece, de forma generalizada, que o espaço que os textos opinativos (onde se inclui a crítica) têm nos veículos está diminuindo gradativamente há anos, e não é só em Curitiba.

Primeiro que os jornais não têm mais a figura do crítico, que via os filmes e espetáculos e escrevia sobre eles. Pouquíssimos são pagos somente para isso, e a função foi sendo transferida para jornalistas que têm mais conhecimentos em determinadas áreas, com mais leitura, ou que entendem mais de cinema, mas que não têm necessariamente a formação para tal tarefa.

Além disso esse mesmo jornalista, além de fazer resenhas e não críticas aprofundadas, não tem tempo. As redações estão cada vez mais enxutas, com menos pessoal. Daí, acontece que tudo que é menos urgente fica sempre em segundo plano. Não é possível para um jornal deixar de dar matérias factuais sobre o que vai estrear, mas a crítica, a resenha, pode ficar para outra hora, ou nem sair. A prioridade é o factual, pelo menos em veículos com esse perfil. Longe de querer generalizar.

Um outro fator é que, para se fazer uma crítica é necessário ter visto o filme, por exemplo. E nem sempre sobra tempo para isso ou se tem esse benefício antes que do filme estrear, que seria o momento mais adequado para colocar um texto crítico.


5. De que forma as leis de incentivo, as escolas, a TV Educativa e a RPC, entre outros, têm contribuído para o fomento da produção local? A Internet tem mais influência do que os outros veículos?

Calma. Não posso responder por veículos com quais não tenho contato, nem por um grupo inteiro. Tenho ciência de coisas isoladas. Como, por exemplo, o espaço que a RPC TV abriu para a produção de curtas para a televisão que são veiculados na Revista RPC. Além do que, na Gazeta, há uma orientação local muito forte. Sempre que temos ciência de algo paranaense, isso entra na pauta. Acontece que muitas vezes o jornal não é avisado (por meio de releases, etc.) o que dificulta o trabalho. Hoje, os repórteres não têm mais tempo para pesquisar muito, descobrir o que está acontecendo, etc.

Se a internet tem mais influência. Acredito que nem mais, nem menos. Não há nenhum fomento em específico, garantindo exibição, por exemplo, como a RPC TV. Mas na Gazeta do Povo Online temos a mesma orientação sobre a produção local. Sempre entra na pauta.


6. Por que, em geral, as produções paranaenses, principalmente longas, não conseguem uma certa posição de destaque, ou pelo menos divulgação nacional?

Depende do que se entende por posição de destaque. Na minha opinião, pode-se dizer que não ficam conhecidos nacionalmente pelo grande público porque não há dinheiro para grandes projetos nacionais . Os audiovisuais que são exibidos em grandes redes são os que têm dinheiro de produção e para divulgação, e visam lucro. Muito do material produzido aqui não quer lucrar, e sim fazer cinema.

7. Quais os filmes paranaenses que tiveram reconhecimento no cenário nacional? A que se pode atribuir esse reconhecimento?

Acho que a pergunta mais correta é que tipo e de quem é o reconhecimento a que você se refere. Se estiver falando de premiações, por exemplo, lembro que os curtas "Balada do Vampiro", de Estevan Silvera e Beto Carminatti, e "Satori Uso", de Rodrigro Grota, foram premiados em Gramado. São dois filmes de ótima qualidade, e forma premiados em quesitos técnicos.

Se você se refere a bilheteria, bem, que outros filmes regionais você encontra em exibição no cinema? Os poucos, têm produção nacional, normalmente apoiados por grandes empresas de comunicação. É o caso do gaúcho "Saneamento Básico", do Jorge Furtado, uma das poucas produções mais regionais que recebeu esse tipo de reconhecimento. Paranaense, não lembro de nenhum. Talvez o "Mistéryus", o último trabalho da Lala Schineider, obtenha algum destaque nesse sentido.

Reconhecimento da crítica e que marcou história, você tem "Aleluia Gretchen", de Sylvio Back, por exemplo.

8. Que filmes apontaria como os mais representativos da história do cinema paranaense? (Produtores, diretores, atores e toda a equipe).

Olha, é complicado eleger desta forma, ainda mais lembrar de um equipes inteiras, não é mesmo? Além disso não sou especialista. Prefiro fazer um sortido de nomes que me vêm no momento, sem nenhum critério de melhor ou pior.

Acho o o "Aleluia Gretchen", do Sylvio Back, um grande filme. Os filmes de Valência Xavier, que tem uma participação decisiva no cinema paranaense, como diretor e autor de muitos roteiros, além de ser pesquisador e literato, também são ótimos. Fernando Severo é um outro grande nome na direção. Na interpretação temos os globais Guta Stresser e Luis Mello, além de Anderson Faganello e a Lala. Documentários? João Baptista Groff (o pioneiro) e Eduardo Baggio.

9. Quais características do cinema no nosso estado?

Não sei se dá para falar em características marcantes. Essas são coisas que mudam com o tempo, de realizador para realizador, etc. Acho que dá para dizer que grande parte do que foi feito tem como pontos recorrentes o baixo orçamento e a experimentalidade.

10. Qual sua opinião em geral quanto ao cinema paranaense e o que ele precisa para ganhar espaço na mídia e "conquistar" o público?

Minha opinião é que temos que continuar a construção do cinema paranaense. Ele não é uma coisa estática, somos nos que fazemos o que ele é. Temos que investir mais na produção e na exibição, assim como todo o Brasil. Os problemas que temos aqui são os mesmos de outros estados. É uma situação nacional, e deve mudar em todo o país. Talvez falte um olhar global e ações locais.

Ganhar espaço na mídia e conquistar o dito grande público são coisas para filmes que tem esse objetivo. Os filmes experimentais têm seu público também, e não precisam de espaço na mídia. São divulgados no boca-a-boca. Acho complicado falar em generalizações desta forma. O sucesso é obter êxito em seu objetivo. Se um filme pretende atingir apenas determinada faixa de público, e consegue, obteve sucesso. Nem todos os projetos ser grandes Blockbusters.

E, mesmo falando em sucesso comercial, não há fórmula do sucesso. Cada realizador deve criar a sua.